Reproduzir x Produzir Conhecimento


A tabela 1, extraída de Bolzan (1998), resume as diferenças paradigmáticas fundamentais entre o ensino como reprodução do conhecimento (Pedagogia Tradicional) e o mesmo centrado na produção do conhecimento pelo aluno (Pedagogia Nova).

ENSINO COMO REPRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

ENSINO COMO PRODUÇÃO  DO CONHECIMENTO

- enfoca o conhecimento "sem raízes" e o dá como pronto, acabado e inquestionável;

- enfoca o conhecimento a partir da localização histórica de sua produção e entende como provisório e relativo;

- valoriza o imobilismo e a disciplina intelectual tomada como reprodução das palavras, textos e experiências do professor e do livro;

- valoriza a ação reflexiva e a disciplina tomada como a capacidade de estudar, refletir e sistematizar conhecimento; 

- privilegia a memória e a repetição do conhecimento socialmente acumulado;

- privilegia a intervenção no conhecimento socialmente acumulado;

- usa a síntese já elaborada para melhor passar informações aos estudantes, muitas vezes reproduzidas de outras fontes;

- estimula a análise, a capacidade de compor e recompor dados, informações, argumentos e idéias;

- valoriza a precisão, a segurança, a certeza e o não- questionamento; 

-valoriza a ação, a reflexão crítica, a curiosidade, o questionamento exigente, a inquietação e a incerteza;

- premia o pensamento convergente, a resposta única e verdadeira e o sentimento de certeza;

- valoriza o pensamento divergente e/ou provoca incerteza e inquietação; 

- concebe cada disciplina curricular como um espaço próprio de Domínio de conteúdo e em geral, dá a cada uma o status de mais significativa do currículo acadêmico;

- percebe o conhecimento de forma interdisciplinar, propondo pontes de relação entre eles e atribuindo significados próprios aos conteúdos, em função dos objetivos acadêmicos;

- valoriza a quantidade de espaços de aula que ocupa para poder "ter a matéria dada", em toda a sua extensão;

- valoriza a qualidade dos encontros com os alunos e deixa este tempo disponível para o estudo sistemático e investigação orientada;

- concebe a pesquisa como atividade exclusiva de iniciados, onde o aparato metodológico e os instrumentos de certeza  sobrepõe à capacidade intelectiva de trabalhar com a dúvida;

- concebe a pesquisa como atividade inerente ao ser humano, um modo de aprender o mundo, acessível a todos e a qualquer nível de ensino, guardadas as devidas proporções;

- incompatibiliza o ensino com a pesquisa e com a extensão, dicotomizando o processo de aprender;

entende a pesquisa como instrumento de ensino e a extensão como ponto de partida e de chegada da apreensão da realidade;

- requer um professor "erudito" que pensa deter com segurança os conteúdos de sua matéria de ensino;

- requer um professor inteligente e responsável, capaz de estimular a dúvida e orientar o estudo para a emancipação;

- coloca o professor como a principal fonte de informação que, pela palavra, repassa ao aluno o estoque que acumulou.

- entende o professor como mediador entre o conhecimento, a cultura sistematizada e a condição de aprendizado do aluno.

TABELA 1 – Reprodução do Conhecimento X Produção do Conhecimento

assumir uma tarefa verdadeiramente formativa e incentivadora das reais aptidões de seus alunos, ajudando-os a superar possíveis obstáculos na descoberta de seus próprios caminhos de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Luiz Pondé. Educação para o empreendedorismo. Universidade Católica de Salvador, set. 1998.
 BÍSCARO, A.W. Métodos e técnicas em Treinamento e Desenvolvimento. Apud: BOOG, G.G. Manual de treinamento e desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1994.
 BOLZAN, Regina de Fátima Fructuoso de Andrade. O conhecimento tecnológico e o paradigma educacional. Dissertação - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.
 COVEY, Stephen. Os Sete hábitos da pessoas muito eficazes.  24 ed. São Paulo: Best seller,1997. 
 DRUKER, Peter F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): prática e princípios. São Paulo: Pioneira, 1987.

FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. HEC, The university of Montreal Business school, 1999.
 GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas – A teoria na prática. Porto Alegre: Editora Artmed., 2000.
 MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus Editora, 2000.
 PATI, Vera. O empreendedor: descoberta e desenvolvimento do potencial empreendedor. In Criando seu próprio negócio. São Paulo. Edição Sebrae, 1995.
 ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 4 ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.
 SAVIANI, D. Escola e Democracia. 25 ed. São Paulo: Cortez, 1991.
 PINCHOT III, Gifford. Intrapreneuring. Porque você não precisa deixar a empresa para se tornar um empreendedor.  São Paulo: Ed. Harbra ltda, 1989.


Cooperação entre Professores


COOPERAÇÃO ENTRE PROFESSORES: A FORMAÇÃO INICIAL DEVE PRECEDER AS PRÁTICAS?

MONICA GATHER THURLER
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Genebra monica.gather-thurler@pe.unige.ch
PHILIPPE PERRENOUD
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Genebra philippe.perrenoud@pse.unige.ch
Tradução: Neide Luzia de Rezende

A cooperação entre profissionais dialoga com a concepção da transpo­sição didática na formação dos professores. As práticas evoluem, o individua­lismo decresce, mas isso muitas vezes ocorre a partir de escolhas militantes ou em circunstâncias particulares como, por exemplo, no trabalho nas zonas e redes de educação prioritária na França. Os Institutos Universitários de Forma­ção de Professores – IUFMs – franceses, ou seus equivalentes em outros paí­ses, podem privilegiar as práticas emergentes, arriscando lançar os professo­res iniciantes em estabelecimentos escolares que não trabalham de modo cooperativo. As instituições de formação inicial podem fazer a escolha inversa; relegar a aprendizagem da cooperação à iniciativa dos indivíduos ou da forma­ção contínua, correndo o risco de colocar em outros estabelecimentos, onde existe forte cooperação, professores pouco entusiasmados e pouco capazes de trocas sobre suas práticas, com dificuldade de trabalhar em equipe ou em rede.
Essa escolha, política, deveria fundar-se sobre o estado das práticas. Mas nenhuma pesquisa pode prescindir de uma conceituação da cooperação e das evoluções culturais e estruturais do ofício de professor e do sistema educacio­nal. Se a cooperação não estiver inscrita – conceitual e estruturalmente – numa organização do trabalho (ciclos, procedimentos pluridisciplinares e outras formas instituídas de ação coletiva), ela permanecerá como um modo de relação que depende muito do livre-arbítrio dos professores e do clima do estabelecimento.
Por meio desse exemplo, põe-se a questão da justa distância entre a reprodução de práticas tradicionais e a fuga na utopia.
É possível, quando se constrói um plano de formação, referir-se a uma imagem tão ideal quanto abstrata do ofício de professor. Às perguntas “O que é ensinar hoje? Como o ofício se apresentará amanhã?” são dadas respostas às vezes simples, consensuais e positivas. O ganho simbólico é inegável, mas a que preço? Formam-se professores para um ofício que não existe mais, nunca existiu ou, no melhor dos casos, representa uma pequena parcela da realida­de. E se continua a trabalhar:
...no meio de estruturas de ontem com métodos de hoje para resolver proble­mas de amanhã, essencialmente com pessoas que realizaram, no meio de cultu­ras de anteontem, essas estruturas de ontem e que jamais conhecerão o futuro de nosso trabalho. (Sprenger, 1992, p. 43, tradução, para o francês, M. Gather Thurler).
É verdade que, se quisermos fundamentar a formação inicial na realida­de do ofício e de como ele evoluiu, as dificuldades logo aparecem: essa reali­dade é múltipla, controversa, difícil de circunscrever sem pesquisas precisas e almejadas pelos principais atores coletivos envolvidos. Pode-se discernir as tendências que guiam a evolução, mas elas não estão isentas de contradições e de impasses.
A didática habituou-nos à idéia de “práticas sociais de referência”, em um movimento que busca essencialmente não aprisionar a transposição dos sabe­res. Em Línguas, Artes, Esporte, mas também em Ciências, Matemática, Geo­grafia, não se ensinam só saberes; desenvolvem-se práticas, começando pela leitura e pela produção de textos. Isso traz para os organizadores de progra­mas escolares um novo problema: enquanto os saberes a ensinar na escola têm porta-voz – nas associações científicas, nas universidades, nas academias e em outras instâncias autorizadas a “dizer o saber” –, não há nenhum equivalente para as práticas sociais e menos ainda para as mais emergentes. A diversidade é maior e a escolha de uma referência em detrimento das outras se mostra como é: arbitrária, orientada ideologicamente, favorecendo uma visão da prá­tica – e do mundo – em vez de outra.
O mesmo ocorre nas formações profissionais. A diversidade das refe­rências é a regra. Todo ofício conhece diferentes condições para o seu exercí­cio, mas ele é composto também pela coexistência de imagens diferentes, e com freqüência inconciliáveis, daquilo que deveria ser o ofício: dos passadistas e dos vanguardistas, dos defensores de uma corporação fechada e dos que ultrapassam fronteiras, dos fanáticos pelas tecnologias e dos adeptos da rela­ção; imagens essas que constituem clivagens “clássicas” às quais se juntam aque­las que dizem respeito a só um ou outro ofício.
O ensino não é exceção, ou então chega a ser pela enorme diversidade das referências possíveis. Isso é tão verdade que não poderíamos refletir isola­damente sobre a dimensão cooperativa do ofício de professor, já que ela repre­senta apenas um componente de um imenso caleidoscópio cujos elementos se combinam e recombinam sem cessar, segundo as vivências, as prioridades do momento, o ambiente e as relações de poder entre os diversos atores envolvi­dos.
Talvez tenha existido um tempo em que a essência do ofício de profes­sor era relativamente homogênea. Não há dúvida que ensinar no primeiro e segundo graus, no meio urbano, na periferia ou no campo, em bairros popu­lares ou burgueses não era exatamente a mesma coisa. Mas em razão do es­tado de relativo consenso quanto aos valores e à normalização das formações, é viável imaginar uma certa unidade de concepção do ofício, com adaptações, ao mesmo tempo inevitáveis e desejáveis, à idade, ao nível, às aspirações dos alunos e aos conteúdos dos programas.
Hoje os motivos para tornar-se professor se diversificaram: incluindo desde a vocação humanitária até o trabalho pelo sustento; as origens sociais são heterogêneas: dos filhos da alta burguesia em declínio social aos filhos de operários em ascensão, passando pelas inumeráveis figuras da reprodução das classes médias; o casamento complicando singularmente a identificação social numa profissão fortemente feminizada. Nas nossas sociedades, o status dos professores tornou-se banal; estes não são nem de longe os únicos a praticar um ofício da área de humanas e de comunicação, mantêm-se no terciário em expansão e nas novas classes médias.
Existem claramente relações muito diferentes nesse ofício. A cena midiática opõe os guardiões da cultura, presos ao elitismo republicano, aos pedagogos fascinados pela centralidade das crianças. Essas oposições mascaram a relativa indiferença da grande massa de professores em relação a esses deba­tes ideológicos. Claro que quando se trata de escarnecer de um ministro ou de bloquear uma reforma, uma divisão mais ampla se instala, os indiferentes esco­lhem seu campo. No entanto, eles voltam rapidamente ao quotidiano.
Cada professor pode oscilar entre sofrimento e prazer ao longo de um mesmo dia, de uma mesma semana, de um mesmo ano. Alguns se sentem dolorosamente revoltados em face das desigualdades persistentes, outros so­frem quase permanentemente diante da impotência, perguntando-se cada manhã se vão “voltar para a escola”. Alguns racionalizam a relação pedagógi­ca, considerando o ensino como um trabalho “normal” e rotineiro, enquanto outros ainda vivenciam-no como uma aventura humana sempre apaixonante, seja pela inovação, movimentos pedagógicos, projetos ou simplesmente como uma forma de criatividade pessoal.
O sistema de ensino, por seu lado, está longe de apresentar efetivamente a homogeneidade que os textos sugerem. Van Zanten (2001) identifica uma “escola da periferia” que possui sua própria lógica. Em certas áreas deserdadas, parece que nos encontramos em um outro planeta, de tal forma se concen­tram os problemas, a falta de recursos, os profissionais mal formados. Uma relação constante é confirmada: os professores mais qualificados e experien­tes encontram-se, pelos mecanismos do tempo de serviço, nas regiões ou áreas mais “confortáveis”, enquanto professores iniciantes ou eventuais são atirados à cova dos leões, o que aumenta os contrastes.
Quanto às normas e modelos pedagógicos, sucedem-se em tal ritmo após os anos 60, que se tornam uma espécie de bazar onde cada um compra
o que quer, não obstante coexistam, no corpo docente, em geral no mesmo estabelecimento, “excelentes professores dos anos de 1930”, segundo a fór­mula irônica de um líder sindical, e professores muito “modernos”, o que não quer dizer ipso facto eficazes.
De um sistema educacional relativamente imóvel, abalado por grandes reformas institucionais bastante espaçadas, passou-se a um sistema “em refor­ma permanente”, seja nas estruturas, nos programas, nos procedimentos.
Pode-se tentar descrever tendências. Ao longo do século XX, passou­se, progressivamente, no ensino primário (Perrenoud, 2002):
• de uma programação detalhada a indicações mais amplas, deixando mais autonomia aos professores;
• da idéia de que existe uma ordem única de progressão nos saberes à aceitação de rumos diversificados, correspondendo à diversidade das maneiras de aprender, dos estilos cognitivos, dos modos e dos níveis de desenvolvimento;
• da aparição de um saber em um só momento do curso, segundo o princípio “o que está feito está feito”, às concepções ditas cíclicas ou “em espiral”, as mesmas noções sendo trabalhadas e remanejadas várias vezes ao longo dos anos;
• de grades horárias semanais estritas a prescrições de equilíbrios en­tre disciplinas a serem observados no decorrer do mês, do trimestre, de um ano escolar ou de um ciclo;
• da proposição de conteúdos a ensinar à especificação de objetivos de aprendizagem, o que dá ênfase às aquisições;
• de uma visão enciclopédica dos saberes a questões essenciais defini­das como “objetivos-núcleos”;
• de uma concepção estrita das disciplinas escolares a uma forma de pluridisciplinaridade;
• da prioridade dada aos conhecimentos à insistência sobre sua trans­ferência e mobilização a serviço das competências;
• de objetivos de baixo nível taxonômico (memorização) a objetivos de alto nível (compreensão);
• de uma estruturação de curso em etapas anuais a uma estruturação em ciclos de aprendizagem plurianuais;
• da prescrição de um currículo imposto sem justificações a um currí­culo passível de ser lido, explicado aos alunos e aos pais e, numa certa medida, com estes negociado;
• de um currículo prescrito por experts (supervisores, formadores, às vezes pesquisadores) a um currículo elaborado ou aceito por uma base social mais ampla, incluindo uma parte dos professores;
• da prescrição de um currículo concebido sem nenhuma referência à avaliação dos alunos a tentativas de forte articulação às exigências, partindo do princípio de que a avaliação define “o verdadeiro progra­ma”, no entender dos alunos, dos pais e mesmo dos professores;
• de programas inteiramente estandardizados no interior de um siste­ma político à atribuição de uma certa “autonomia curricular” para estabelecimentos escolares;
• de um currículo prescrito estreitamente associado a documentos ofi­ciais a um currículo que autoriza uma grande diversidade de meios de ensino, escolhidos livremente;
• de um currículo prescrito associado a métodos de ensino impostos ou fortemente recomendados a uma liberdade didática maior.


Mesmo se essas tendências, variáveis de um sistema a outro, possam ser confirmadas, nada permite afirmar que elas correspondam a uma mudança homogênea das práticas. Quem sabe, elas tenham provocado uma enorme “extensão do pelotão”, como dizem os comentadores de uma corrida de ci­clistas. As novas concepções curriculares autorizam práticas novas e audacio­sas, em geral inspiradas nos movimentos pedagógicos ou na pesquisa em di­dática, mas permitem aos professores refratários não mudar grande coisa em sua maneira de ensinar, em razão da considerável margem de interpretação que
o currículo oficial assegura ao professor, margem que aumenta do primeiro grau à universidade. Na sua maioria, os professores “utilizam ou ignoram-nas” se­gundo suas convicções, suas competências, sua energia. É possível, contudo, avançar a hipótese de que o currículo real traduz em certas turmas as idéias didáticas mais recentes e se aproxima, em outras, do que se ensinava no mes­mo nível há vinte anos ou mais. Por isso é difícil saber se as reformas curricu­lares maiores em relação às matemáticas, às línguas maternas, às ciências hu­manas, ciências naturais, segunda língua, Educação Artística, Física ou Cívica, mudaram as práticas na mesma medida. Sem dúvida isso depende muito, en­tre outras coisas, da capacidade e da vontade bastante desigual dos estabeleci­mentos e dos professores de compreender, de aceitar e de colocar em ação o espírito desses textos.
Podemos manifestar as mesmas incertezas a propósito de outras dimensões de mudanças potenciais das práticas. Também nesse caso, as tendências podem ser relacionadas (Perrenoud, 2000), uma vez que as práticas pedagógicas:
• sustentam-se em objetivos de nível taxonômico cada vez mais eleva­do (por exemplo, aprender a aprender, a raciocinar, a comunicar);
• possuem cada vez mais a tarefa de construir competências, de não se ater aos saberes;
• recorrem cada vez mais aos métodos ativos e aos princípios da esco­la nova, às pedagogias baseadas em projeto, contrato, cooperação;
• exigem uma disciplina menos estrita, deixam mais liberdade aos alunos;
• manifestam maior respeito pelo aluno, sua lógica, seus ritmos, suas necessidades, seus direitos;
• atêm-se mais ao desenvolvimento da pessoa, menos a sua adaptação à sociedade;
• concentram-se mais sobre o aprendiz, sendo o professor concebido antes de tudo como organizador de situações de aprendizagem;
• são mais sensíveis à pluralidade das culturas, menos etnocêntricas;
• tomam cada vez menos o fracasso escolar como uma fatalidade e evoluem no sentido da diferenciação do ensino como discriminação positiva;
• tendem a dissolver o conjunto estável da classe como única estrutura de trabalho, compondo grupos de trabalho, de projeto, de nível;
• são cada vez mais combinadas com outros intervenientes pedagógi­cos, no âmbito de um trabalho de cooperação;
• estão cada vez mais enquadradas no âmbito do estabelecimento ou voltadas para este;
• caminham para um planejamento didático cada vez mais flexível e negociado;
• dão cada vez mais lugar a tarefas abertas e a situações-problema;
• caminham no sentido de uma avaliação menos normativa e mais formativa;
• articulam-se mais facilmente com as práticas educativas dos pais, em favor de um diálogo mais equilibrado;
• tornam-se mais dependentes das tecnologias audiovisuais e informatizadas;
• deixam mais espaço para a manipulação, a observação e a experi­mentação;
• tendem a tornar-se reflexivas, sujeitas a uma avaliação e a um ques­tionamento periódicos;
• levam mais em conta a pesquisa;
• mudam mais rápido; a inovação banaliza-se;
• são socialmente menos valorizadas, aparecem ao alcance de um nú­mero maior de pessoas instruídas;
• estão em processo de profissionalização, fundando-se nas compe­tências adquiridas na formação inicial e contínua.


Aqui também essas disposições se manifestam muito desigualmente, ten­dendo a aumentar a heterogeneidade das práticas em razão da descentralização e da política dos projetos do estabelecimento, que permitiram experiências de vanguarda em certos lugares e derivações conservadoras em outros.
Que fazer em face dessa diversidade quando há que formular progra­mas de formação inicial? Em outros setores, as escolas profissionais diversifi-cam-se e entram em concorrência. A coexistência de gêneros e estilos profis­sionais encontra um espelho ao menos parcial na gama das formações, que se distinguem não apenas por seus procedimentos, mas também por seus obje­tivos. Os psicoterapeutas, os atores, os artistas, os administradores são forma-dos nas escolas que se singularizam expondo sua concepção do ofício. Cabe aos estudantes orientar-se nesse mercado de formação.
Quando a formação está sujeita a normas nacionais e não à livre con­corrência, esse tipo de diversidade é proibido. Isso se torna ainda mais evidente quando se pretende, nos diversos estabelecimentos, incitar os profissionais a se integrarem a um “corpo profissional”, cujos membros devem trabalhar sob forte normalização, em particular no âmbito da função pública. Mesmo fora da administração e em setores que escapam ao princípio de igualdade diante da lei, a tendência à estandardização dos diplomas em escala nacional, até mes­mo continental, torna cada vez menos provável a coexistência a céu aberto de concepções muito diferentes do mesmo ofício. Se for preciso uma referência única, qual escolher e por quê? A questão será discutida aqui apenas do ponto de vista da cooperação profissional, mas ela se coloca nos mesmos termos a propósito de todas as dimensões do ofício.

UMA FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A COOPERAÇÃO
Toda formação inicial de professores pretende preparar para uma ação profissional eficaz e pertinente, da qual não é possível ignorar ingenuamente os aspectos sistêmicos e coletivos. Sem dúvida é preciso ficar atento para não cair no equívoco de uma cultura de avaliação excessiva, que poderia levar as pessoas da escola até mesmo a rejeitar a idéia de eficácia, assimilada a indica­dores contestáveis, a concorrências perversas ou a regulamentações neoliberais.
Além disso, a preocupação que compartilham os professores e os ad­ministradores quanto à eficiência da ação educativa é às vezes atenuada pelas preocupações muito centradas nos desafios pessoais e relacionais, e por isso insuficientemente orientada para a necessidade de desenvolver a qualidade da ação pedagógica junto aos alunos. Em relação a isso, as pesquisas internacio­nais recentes aplicaram um “choque elétrico” na maioria dos sistemas escola­res. Ninguém hoje é capaz de negar: as condições de ensino e de aprendiza­gem devem ser bastante melhoradas se se quiser lutar de maneira mais efetiva contra um fracasso escolar que tende a persistir, apesar dos recursos investi­dos durante as décadas passadas. Por outro lado, os estudos comparativos recentes (Programa Internacional de acompanhamento das Aquisições dos Alu­nos – PISA –, por exemplo) confirmaram a importância do efeito-estabeleci­mento que dependeria, segundo pesquisas amplamente convergentes, das seguintes características:
• valores, representações e visões compartilhadas (inclusive pelos alu­nos), uma identidade e um perfil claramente explicitados (incluindo o foco na luta contra o fracasso escolar);
• focalização clara sobre as aprendizagens, junto com uma pedagogia diferenciada, uma avaliação formativa e uma aproximação de conteú­dos que faça sentido para os alunos;
• organização do trabalho que corresponda aos objetivos visados (es­truturas e agrupamentos flexíveis dos alunos, investimento do tempo necessário para realizar as tarefas prioritárias etc.);
• responsabilidade pelo êxito escolar de todos os alunos, compartilha­da por todos os professores;
• estabilidade dos professores no estabelecimento, gerando a convic­ção da possibilidade de influir dissuadindo os professores de procurar fora da escola perspectivas menos deprimentes;
• referência explícita a um modelo teórico e a um sistema de indicado­res confiáveis, constantemente verificados e atualizados, permitindo antecipar e controlar os efeitos dos dispositivos mobilizados sobre a aprendizagem dos alunos;
• atores coletivamente comprometidos com uma posição reflexiva, ca­pazes de articular as dimensões conceituais e práticas, visando domi­nar o máximo possível os elementos que impedem atingir os objeti­vos de formação;
• diretores de estabelecimentos que saibam instaurar comunidades pro­fissionais capazes de se envolver num processo contínuo de desen­volvimento (Hargreaves, 2003).


A eficácia nasce da sinergia dessas características, das configurações fa­voráveis que podem, em certos casos, abalar os paradigmas, transformar pro-funda e completamente as representações do ofício e das práticas pedagógi­cas e, por isso, produzir efeitos consideráveis junto aos alunos. Mas falar não é suficiente, é preciso criar as condições necessárias para tornar possível essa evolução, em todos os níveis do sistema, adaptando em conseqüência os dis­positivos de formação inicial e contínua.
Em que consistiria uma formação profissional para a cooperação de acor­do com essas características? Retenhamos os seguintes aspectos:
• ter consciência de que a cooperação não é elemento dominante da profissionalização de professor;
• não confundir cooperação com afinidades eletivas;
• manter uma relação utilitarista e seletiva com a cooperação;
• apropriar-se dos instrumentos psicossociológicos, éticos e jurídicos pertinentes;
• aprender a enfrentar as crises, os conflitos, os não-ditos e a regular a ação coletiva;
• aprender pela prática a funcionar em vários registros.


Esses elementos são em parte passíveis de ser transpostos para outras dimensões do ofício. Limitemo-nos aqui a desenvolvê-los um pouco tendo em vista a cooperação.

A cooperação não é elemento dominante da profissionalização de professor
Os observadores sabem que o individualismo é a figura dominante do ofício de professor. Mas e os professores em formação, sabem disso? Ora, se eles fizerem vários estágios em estabelecimentos diferentes, verificarão que, entre o discurso que apresenta a cooperação como algo natural e as práticas, existe um fosso. Entretanto, essa experiência da diversidade não é suficiente. Ela resulta geralmente em um posicionamento normativo. Os estudantes-es­tagiários mais cooperativos distanciam-se dos “individualistas inveterados” que encontram no caminho e sonham “cair” num estabelecimento que contenha poucos “combatentes solitários”. Os estagiários mais individualistas sentem-se reconfortados ao ver que aquilo que alguns formadores lhes apresentaram como uma evidência – trabalhar em grupo – é apenas uma imagem entre ou-tras do ensino; eles se alegram de ver que existem ainda escolas sem equipes, sem projeto, onde eles têm uma chance de praticar o ensino que sonharam: único mestre em face dos alunos, a portas fechadas.
Constatar a diversidade das relações de cooperação não é suficiente. É importante que na formação inicial essas representações sejam trabalhadas explicitamente, segundo dois eixos:
• compreender que o individualismo não é somente “uma questão de caráter”, que está ligado paradoxalmente a uma cultura comum, à história da profissão e, sobretudo, às condições da ação de ensinar e à solidão de cada um no registro dos saberes para ensinar e das con­vicções íntimas, sejam elas éticas, didáticas, ou epistemológicas;
• trabalhar sua relação pessoal com a cooperação, sua visão própria da profissão, sua relação com o poder, com os outros, com o controle, com a competição e a solidariedade.


Chegamos agora à pessoa e a sua relação consigo e com os outros. É preciso evidentemente encontrar procedimentos e dispositivos adequados de formação.

Não confundir cooperação com afinidades eletivas
Saber cooperar com uma determinada pessoa que você escolheu e que o escolheu, é melhor que nada, mas o modo de gestão do corpo docente tor­na improvável tal situação. Mesmo algumas exceções à regra mostram que a cooptação só raramente é uma solução garantida, pois os atores envolvidos tendem freqüentemente a esquecer que um sistema é mais do que a soma de suas partes, que a introdução de um novo elo numa rede de relações vai des­truir antigos equilíbrios, em geral arduamente atingidos, e que será preciso investir uma grande energia para renegociar novos acordos, elaborar novas maneiras de fazer, levar em conta as necessidades de cada um. Os limites da cooptação têm a ver com a fragilidade de todo sistema humano, com suas esperanças, suas tensões, seus conflitos de poder, de idéias e de interesses.
A essa dificuldade se junta uma outra: nenhum processo de envolvimen­to, por mais sofisticado que seja, dará garantia total quanto às atitudes e com-petências dos novos integrantes, tendo em vista sua compatibilidade com o fun­cionamento da equipe na qual eles se inserem. Daí a importância de uma for­ma de contrato social que obrigue todas as partes envolvidas a fazer um esfor­ço para elaborar um modus vivendi que, por um lado, levará em consideração as orientações dadas pelos veteranos e, por outro lado, permitirá aos novos encontrar seu lugar e questionar as certezas dos professores mais antigos.

Manter uma relação utilitarista e seletiva com a cooperação
Cooperar não é um valor em si, é apenas um modo de fazer melhor o trabalho. Saber cooperar, é talvez, antes de mais nada, “saber não cooperar quando não for necessário!” (Gather Thurler, 1996). Se, para se furtar a toda suspeita de individualismo, ninguém ousa tomar decisão nem tomar qualquer atitude sem pedir a opinião dos colegas, corre-se o risco de caminhar para a paralisia e preparar efetivamente o retorno ao individualismo de professores que se sentem asfixiados pela cooperação invasiva. Esse sentimento de asfixia se desenvolve muito rapidamente e como tal mereceria tornar-se objeto de formação: o ofício de professor parece engendrar (ou privilegiar, dependendo da orientação) uma fraca tolerância em relação aos compromissos vivenciados com outros adultos.
Nas culturas de cooperação profissional orientadas para a mudança, a prioridade é dada “à problematização dos dilemas profissionais e à resolução de problemas pedagógicos”. Não há, de início, um esforço para “tornar-se uma equipe”; os procedimentos não priorizam nem o “bem-estar” de cada um nem o funcionamento da equipe, pois a equipe e o trabalho de equipe não se “si­tuam no mesmo nível de preocupação”. É sem dúvida importante submeter tanto o funcionamento quanto o bem-estar de cada integrante da equipe a uma avaliação, para evitar desvios e para introduzir, em caso de fracasso, os ajustes necessários. Dar prioridade à cooperação impede, entretanto, o desenvolvi­mento dos conteúdos, leva o coletivo a “voltar-se para o próprio umbigo” e pode tornar-se realmente paralisante.
De fato, é importante levar os futuros professores a desconstruir toda representação “romântica” da cooperação profissional, fazendo-os tomar cons­ciência de que esta é com freqüência o resultado de uma longa evolução, marcada por numerosos problemas de comunicação, conflitos de poder e de interesses. E que ela só é possível pela vontade explícita e insistente de uma equipe de professores que busca orientar o essencial de sua trajetória rumo a um objetivo comum; que visa ao alargamento das competências individuais e coletivas para assegurar o sucesso dos alunos; que leva os sujeitos a se perce­berem, enquanto indivíduos, como um elo importante do sistema, participan­do ativamente de seu desenvolvimento.

Apropriar-se dos instrumentos psicossociológicos, éticos e jurídicos
O funcionamento de uma equipe ou as relações de cooperação não são realidades indizíveis e opacas. A análise não resolve tudo, mas permite tomar distância, não interpretar o que ocorre apenas em termos normativos e afetivos, não ter que escolher entre assumir tudo sozinho ou jogar tudo para o outro. Essa análise pode sustentar-se em três registros de saberes e de reflexão.
As ciências sociais e humanas, da etologia à sociologia, passando pela psicanálise, psicologia social, psicossociologia, ergonomia, acumularam um certo número de conhecimentos sobre a cooperação, a formação e a dinâmica de grupos restritos, sobre os processos de influência, de decisão, de segregação, de controle social, de concorrência, de exclusão, de conflito, sobre os fenô­menos de liderança e de conformismo, enfim, sobre as relações entre o indi­víduo e o grupo. Apropriar-se de uma parte desses saberes tornaria os pro­fessores menos ingênuos e, portanto, menos vulneráveis diante do inconsciente, do poder, da complexidade das relações humanas e da vida nas organizações.
A ética está implicada nas relações com os alunos e seus pais, mas tam­bém nas relações com os colegas. Mesmo quando trabalha sozinho, um pro­fessor pode ser chamado a ajudar ou pode ele próprio oferecer-se para tanto. Ele pode estar envolvido em uma luta de “tribos” ou em tentativas de sedução ou de perseguição por colegas. Mesmo um individualista tem necessidade de uma ética da relação, já que ele não vive em uma ilha deserta. Ela é ainda mais necessária numa equipe, em relação à solidariedade, ao segredo, ao respeito e à autonomia de cada um, à partilha das informações e dos recursos, às rela­ções de cada um com os alunos, que não hesitam em jogar os professores uns contra os outros. Por definição, a ética não é um sistema de regras, mas ela permite refletir, orientar-se, enfrentar os dilemas comuns, ou peculiares.
O direito é o grande ausente da formação dos professores. Talvez rece­bam alguma iniciação sobre a legislação que rege a educação nacional: os pro-gramas, o regulamento das escolas, as sanções, os direitos e deveres do fun­cionário etc. A cooperação apresenta problemas de uma outra ordem: propriedade intelectual, responsabilidade coletiva, segredo profissional, dele­gação de poder de animar ou de representar uma equipe, regulação dos litígi­os, direito de excluir um elemento da equipe ou de recusar uma adesão.

Aprender a enfrentar crises, conflitos, não-ditos e a regular a ação coletiva
Os sistemas de ensino absorveram a idéia de que é preciso dar certa autonomia aos estabelecimentos escolares e, em conseqüência, dar a estes a autonomia de definir, no interior de um quadro definido, seu próprio projeto. Ao mesmo tempo, as sociedades modernas perceberam que seria preciso pôr fim ao mito da objetividade absoluta, cessar de acreditar que os sistemas de ação evoluem segundo leis perfeitamente racionais. Diante dos dilemas pro­fissionais, não existe jamais uma só resposta defensável. Obrigados a agir com urgência justamente quando eles precisariam de tempo para decidir com co­nhecimento de causa, constantemente expostos a solicitações de toda parte, os professores acabam por ver-se na obrigação de negociar acordos sem os quais não podem se comprometer com uma ação coletiva eficaz.
Ora, esse processo de construção é difícil: raramente se desenvolve sem crise; as partes interessadas terminam envolvidas em conflitos em que o resul­tado nem sempre é salutar. Diante dessa realidade – incontornável, por ser inerente a toda coletividade, obrigada a pôr em funcionamento suas práticas e modos de pensar a fim de responder às demandas sempre mais exigentes de seu entorno – muitos professores ficam desarmados, pois eles não possuem nenhuma “cultura do conflito”. Desagregam-se tão logo os desacordos se fa­zem sentir, não aceitando que se questionem suas certezas; têm medo que o grupo se desfaça e preferem permanecer no não-dito em lugar de apontar os problemas de funcionamento.
É, pois, importante desenvolver junto aos futuros professores as com­petências indispensáveis para que eles afrontem a cooperação profissional com conhecimento de causa, armados de um certo número de conceitos e de fer­ramentas para fazer evoluir favoravelmente a dinâmica de grupo, para apren-der a administrar as emoções que vão junto com cada aventura coletiva (Hargreaves, 2002, 2002a).

Aprender pela prática a funcionar em vários registros
Como esperar que os estudantes aprendam a cooperar se, durante seus estudos, são incentivados ao máximo de individualismo mediante os concur­sos, as formas de avaliação, os percursos de formação? Como esperar que eles possam por sua vez formar seus alunos para a cooperação, se não lhes é ofe­recida a ocasião para fazer a experiência e adquirir competências durante sua formação?
Seria interessante ver até onde e por quais meios as instituições de for­mação chegam realmente a desenvolver em seus estudantes as competências que necessitarão para:
• cooperar em registros e com parceiros muito diferentes, sem se de­sagregar diante do primeiro obstáculo encontrado;
• identificar as modalidades de cooperação mais bem adaptadas a di-versos tipos de situação – discernir quando cooperar sobrecarrega o trabalho sem proveito e quando, ao contrário, é uma condição que propicia maior eficácia;
• saber rapidamente situar os modos de cooperação e de resistência que prevalecem num estabelecimento, de maneira a poder ocupar seu lugar, sem renegar suas convicções, mas também sem provocar reações de hostilidade ou de ironia, que só levam a regressão para um conformismo em relação às normas ambientes.


E A COOPERAÇÃO ENTRE FORMADORES?
“Faça como eu digo, mas não faça como eu faço”: quem ousaria acredi­tar nos efeitos de uma formação sustentada por tal postura? Ao mesmo tem­po, a estrutura das instituições universitárias de formação de professores não é feita para favorecer uma cooperação profissional de alto nível. A divisão do trabalho ao extremo, a grade horária, um individualismo reforçado pelos mo­dos de gestão das carreiras, a primazia das divergências epistemológicas e te-óricas são apenas alguns elementos dentre outros que fazem pensar que pou­cas ocasiões são oferecidas aos estudantes de vivenciar, durante seu percurso de formação, aquilo que se exige deles. Paradoxalmente, as equipes universi­tárias mais convincentes são as equipes de pesquisa, menos visíveis para os estudantes.
Quando existem verdadeiras equipes de formação, o pudor ou a pru­dência impedem os formadores de erigi-las em exemplo, de estampar seu próprio modo de cooperação para instar os estudantes a identificar os aspec­tos favoráveis e as dificuldades do trabalho em equipe. Os estudantes não são cegos, o individualismo dos formadores não lhes escapa, nem a contradição entre suas práticas e seus discursos. Entretanto, suas críticas são raramente suficientemente agudas para ultrapassar o senso comum e situar os formado­res diante de suas contradições. Estes, salvo se suas virtudes ou sua militância, venham dissuadi-los, seguirão a lógica da instituição. Chega-se aí a uma ques­tão maior: se as universidades ocupam-se da formação profissional, seria de­sejável que elas aprendessem a funcionar diferentemente quanto ao registro da cooperação... e quanto a outras coisas mais...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Recebido em: fevereiro 2006 Aprovado para publicação em: março 2006

Ensino na Sociedade de Conhecimento


ENSINO NA SOCIEDADE DE CONHECIMENTO: EDUCAÇÃO NA ERA DA INSEGURANÇA


Andy Hargreaves


Nesta obra,Hargreaves analisa o significado da expressão "socíedade do conhecimento'" e suas implicações na vída dos proíessoees da atualidade.

Embora baseado em experiências norte-americanas e canadenses, as reflexões do autor tem repercussões mundiais, isto porque, a sociedade do conhecimento depende das escolas como um todo para tornar-se uma sociedade aprendente criativa e solidária. Ao longo de todo o livro o autor deixa claro que o futuro da transformação educacional deve basear-se em um pequeno número de políticas estratégicas, mas que com um poder de “alta alavancagem” e bem articuladas com redes de apoio serão responsáveis pela melhora na qualificação da prática docente.


Introdução

Vivemos em uma economia do conhecimento em uma sociedade do conhecimento. As economias do conhecimento são estimuladas e movidas pela criatividade e pela inventividade, e as escolas da sociedade do conhecimento precisam gerar essas qualidades, caso contrário, seus povos e suas nações ficarão para trás.

As escolas de hoje servem e moldam um mundo no qual pode haver grandes oportunidades de melhorias econômicas se as pessoas puderem aprender a trabalhar de forma mais flexível, investir em sua segurança financeira futura, reciclar suas habilidades, ir reencontrando seu lugar enquanto a economia se transforma ao seu redor e valoriza o trabalho criativo e cooperativo. O mundo a que as escolas servem também se caracteriza por uma crescente instabilidade social. Mesmo assim, em lugar de estimular a criatividade e a inventividade, os sistemas educacionais se tornam cada vez mais obsecados com a imposição e a microgestão da uniformidade curricular. As escolas e os professores têm sido espremidos na visão estreita dos resultados de provas, das metas de desempenho e das linhas de classificação das escolas segundo os resultados de seus alunos. Em termos gerais, nossas escolas não estão preparando os jovens para bem trabalhar na economia do
conhecimento nem para viver em uma sociedade civil fortalecida. Em vez de promover a criatividade econômica e a integração social, muitas escolas estão se enredando na regulamentação de rotinas da padronização insensível.

Como alternativa, podemos promover um sistema educacional de alto investimento e alta capacidade, no qual professores extremamente qualificados sejam capazes de gerar criatividade e inventividade entre seus alunos, experimentando, eles próprios, essa criatividade e a flexibilidade na forma como são tratados e qualificados como profissionais da sociedade do conhecimento. Nesse segundo cenário, o ensino e os professores irão muito além das tarefas técnicas de produzir resultados aceitáveis nas provas, chegando a buscar o ensino como, mais uma vez, uma missão social que molda a vida e transforma o mundo. Neste novo sistema, os professores devem assumir novamente seu lugar entre os intelectuais mais respeitados da sociedade, indo além do âmbito da sala de aula, para tornarem-se, e preparar seus alunos para serem, cidadãos do mundo. Eles devem fazer o melhor que podem para garantir que os estudantes promovam bens privados da economia do conhecimento e que prosperem a partir deles. Também deverão ajudá-los a se comprometer com os bens públicos vitais, dos quais os interesses empresariais da economia do conhecimento não são capazes de tomar conta: uma sociedade civil fortalecida e vigorosa, desenvolvendo o caráter que promove o envolvimento da comunidade e o cultivo das disposições de simpatia e cuidado para com as pessoas de outras nações e culturas, as quais são o coração da identidade cosmopolita. Esses são os desafios enfrentados por professores na sociedade do conhecimento atual e que representam o foco deste livro, que trata do mundo em transformação, bem como do trabalho do ensino, também este em transformação. Desta forma, a expressão mais adequada para o título deste livro seria "sociedade de aprendizagem" entretanto, o título original se mantém em função de sua utilização ampla e e aceitabilidade.

Na sociedade do conhecimento, a riqueza e a prosperidade dependem da capacidade das pessoas de superar seus concorrentes em criação e astúcia, sintonizar-se com os desejos e demandas do mercado consumidor e mudar de emprego ou desenvolver novas habilidades à medida que as flutuações e os momentos de declínio econômico assim o exigirem. Desta forma, ensinar na sociedade do conhecimento envolve o cultivo dessas capacidades nos jovens, o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva profunda, da criatividade e da inventividade entre os estudantes, a utilização da pesquisa, o trabalho em redes e equipes, a busca de aprendizagem profissional contínua como professores e a promoção da solução de problemas, da disposição de correr riscos, da confiança nos processos cooperativos, da capacidade de lidar com a mudança e do compromisso com a melhoria contínua das organizações.


I-O ensino para a sociedade do conhecimento: educar para a inventividade


A profissão paradoxal 


Ensinar é uma profissão paradoxal. Entre todos os trabalhos que são, ou aspiram a ser profissões, apenas do ensino se espera que gere as habilidades e as capacidades humanas que possibilitarão a indivíduos e organizações sobreviver e ter êxito na sociedade do conhecimento dos dias de hoje. Dos professores, mais do que de qualquer outra pessoa, espera-se que construam comunidades de aprendizagem, criem a sociedade do conhecimento e desenvolvam capacidades para a inovação, a flexibilidade e o compromisso com a transformação essenciais à prosperidade econômica. Ao mesmo tempo, os professores também devem e mitigar combater muitos dos imensos problemas criado pelas sociedades do conhecimento, tais como consumismo excessivo, a perda da comunidade e distanciamento crescente entre ricos e pobres; de alguma forma devem tentar atingir simultaneamente esses objetivos aparentemente contraditórios. Aí reside o paradoxo profissional.

Enquanto isso, os gastos, bem como a educação e o bem-estar públicos, foram as primeiras baixas do Estado enxuto que as economias do conhecimento têm exigido. Os salários e as condições de trabalho dos professores têm estado entre os itens mais caros no topo da lista de baixas do serviço público. A profissão, classificada como importante para a sociedade do conhecimento, tem sido desvalorizada por tantos grupos, com mais e mais pessoas querendo deixá-la, cada vez menos querendo se juntar a ela, e muito poucas desejando assumir sua liderança. Isso, mais do que um paradoxo, representa uma crise de proporções perturbadoras.

Sendo assim, os professores de hoje se encontram presos em um triângulo de interesses e imperativos conflitantes: ser catalizadores da sociedade do conhecimento e de toda a oportunidade e prosperidade que ela promete trazer; ser contraponto a ela e às suas ameaças à inclusão, à segurança e à vida pública; ser baixas dessa sociedade do conhecimento em um mundo onde as crescentes expectativas com relação à educação estão sendo respondidas com soluções padronizadas, fornecidas a custos mínimos. Essas três forças, suas interações e seus efeitos estão moldando a natureza do ensino, aquilo que significa ser um professor, e a própria viabilidade da atividade, como profissão, na sociedade do conhecimento.

Antes da sociedade do conhecimento


Desde o surgimento da educação escolar compulsória e de sua difusão pelo mundo, espera-se que a educação pública salve a sociedade. As expectativas em relação à educação pública sempre foram altas, mas nunca se expressaram da mesma forma. Nos 30 anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, a educação nas principais economias do mundo foi vista amplamente como um investimento em capital humano, no desenvolvimento científico e tecnológico, em um compromisso com o progresso. Mas em termos práticos, pouco foi feito para transformar a natureza fundamental da educação oferecida ou a forma como os professores lecionavam. Foram poucas as inovações que duraram por muito tempo, e a retórica da mudança em sala de aula geralmente sobrepujava a realidade. Para além de toda autonomia, tentativas de inovação e expansão educacional, permaneceram uma “gramática” básica de ensino e aprendizagem em que a maioria dos professores lecionava de forma como se havia feito por gerações, na frente da sala, por meio de aulas expositivas, trabalhos para serem realizados por alunos sentados e métodos de perguntas e resposta, com aulas separadas para crianças da mesma idade, avaliadas por métodos escritos padronizados.

A crise do petróleo de 1973 e o colapso da economia keynesiana puseram fim aos pressupostos educacionais otimistas em muitas economias desenvolvidas do Ocidente. A educação passou subitamente a ser o problema, e não a solução. Nas economias altamente endividadas, os estados de bem-estar social começaram a entrar em colapso e, com eles, os recursos para a educação. As nações ocidentais se voltaram para dentro, e muitas delas perderam a confiança, visto que foram eclipsadas pelas economias dos "tigres" asiáticos. Nesse meio tempo, os perfis demográficos se inverteram, as populações dos alunos encolheram e os professores perderam sua atratividade no mercado e seu poder de barganha e grande parte da força de trabalho remanescente no ensino começou a envelhecer.

No final da década de 80 os governos começaram a vincular mais intimamente a educação aos negócios, ao trabalho, à ciência e à tecnologia. As estruturas foram reorganizadas, os recursos restringidos novamente e as políticas de opção de mercado e competição entre escolas começaram a proliferar.

O controle curricular foi muitas vezes enrijecido em alguns lugares, ligado à tarefa explícita de restabelecer o orgulho da nação. Os professores passaram a ser responsabilizados pela maior parte dos problemas, por governos e pela mídia e as recém-estabelecidas classificações de escola, segundo o desempenho escolar humilhavam os docentespor fracassarem com seus alunos. (geralmente os das comunidades mais pobres). Segundo alguns críticos, tais eventos foram medidas deliberadas, voltadas a tornar malvistos o ensino e as escolas públicas, estimular muitos pais a financiar de forma privada a educação de seus filhos e forçar à aposentadoria precoce de professores mais velhos e mais caros, que estavam impedindo a nova agenda da reforma.

Um dos pretextos mais fortes para a reforma escolar nas nações ocidentais foi a introdução das comparações internacionais de exames. O milagre econômico dos "tigres" e do Japão levou os formuladores de políticas no Ocidente a supersimplificar e singularizar as contribuições dos sistemas educacionais dessas sociedades para seu sucesso econômico. Os resultados internacionais de exames de matemática e ciências provocaram ansiedade pública e deram munição para que muitos governos ocidentais reformulassem os sistemas educacionais, o que levou a maior padronização e microgestão do ensino e da aprendizagem por meio de sistemas mais rígidos de inspeção, pagamento de acordo com desempenho e reformas curriculares prescritas minuciosamente, que reduziram em muito a latitude das decisões pedagógicas dos professores.

Lucrando a partir da sociedade do conhecimento


Nessa sociedade em constante transformação e autocriação, o conhecimento é um recurso flexível, fluido, em processo de expansão e mudança incessante. Na economia do conhecimento, as pessoas não apenas evocam e utilizam o conhecimento “especializado” externo, das universidades e de outras fontes, mas conhecimento, criatividade e inventividade são intrínsecos a tudo o que elas fazem. O conhecimento não é apenas um apoio para o trabalho e a produção, mas sim a forma fundamental do próprio trabalho e da própria produção, visto que mais e mais pessoas instruídas trabalham nos campos das idéias, da comunicação, das vendas, do marketing, da assessoria, da consultoria, do turismo, da organização de eventos e assim por diante.

Assim sendo, a sociedade do conhecimento tem três dimensões. Em primeiro lugar, engloba uma esfera científica, técnica e educacional ampliada; em segundo, envolve formas complexas de processamento e circulação de conhecimento e informações em uma economia baseada nos serviços; em terceiro lugar, implica transformações básicas da forma como as organizações empresariais funcionam de modo a poder promover a inovação contínua em produtos e serviços, criando sistemas, equipes e culturas que maximizem a oportunidade para a aprendizagem mútua e espontânea. O segundo e o terceiro aspectos dependem de se ter uma infraestrutura sofisticada de tecnologia de informação e comunicação que torne toda essa aprendizagem naus rápida e mais facial. A chave para uma economia do conhecimento forte, entretanto, não é apenas as pessoas poderem acessar a informação, mas também o quão bem elas conseguem processar essa mesma informação.

Desenvolvendo a sociedade do conhecimento


A sociedade do conhecimento é uma sociedade de aprendizagem. O sucesso econômico e uma cultura de inovação contínua dependem da capacidade dos trabalhadores de se manter aprendendo acerca de si próprios e uns com os outros. Uma economia do conhecimento não funciona a partir da força das máquinas, mas a partir da força do cérebro, do poder de pensar, aprender e inovar.

As escolas e os professores não podem e nem devem renunciar a suas responsabilidades de promover as oportunidades, o envolvimento e a inclusão dos jovens no mundo altamente especializado do conhecimento, da comunicação, da informação e da inovação. Todas as crianças devem ser preparadas para a sociedade do conhecimento e para a sua economia. Entretanto, a mudança não está em mais educação na forma atual. Salas de aula mais eficientes, que se concentrem no ensino e na aprendizagem, em vez de disciplina, mais tempo gasto em alfabetização e outros aspectos básicos, mais cursos de férias e aulas aos sábados para alunos que estão com dificuldades de aprendizagem, um dia de aula com mais horas, um ano escolar com mais dias: todas essas coisas ajudam a melhorar o desenvolvimento dos alunos, mas apenas aquele desempenho já existente. Elas não transformam esse desempenho ao sujeitá-los a mais quantidade das estratégias que já existem.

O ensino para a sociedade do conhecimento


Como catalizadores das sociedades do conhecimento bem-sucedidos, os professores devem ser capazes de construir um tipo especial de profissionalismo, do qual os principais componentes são: promover a aprendizagem cognitiva profunda; aprender a ensinar por meio de maneiras pelas quais não foram ensinados; comprometer-se com aprendizagem profissional contínua; trabalhar e aprender em equipes de colegas; tratar os pais como parceiros na aprendizagem; desenvolver e elaborar a partir da inteligência coletiva; construir uma capacidade para a mudança e o risco e estimular a confiança nos processos.
O ensino para a sociedade do conhecimento atual ´tecnicamente mais complexo e mais abrangente do que jamais foi e tem como referência uma base de pesquisa e experiências sobre o ensino eficaz, que está mudando e se ampliando. Novas abordagens à aprendizagem demandam novas abordagens ao ensino. Entre elas estão um ensino que enfatize habilidades de raciocínio de ordem mais elevada, a metacognitação (a reflexão sobre o pensamento), abordagens construtivistas de aprendizagem e da compreensão, a aprendizagem baseada no cérebro, estratégias cooperativas de aprendizagem, inteligências múltiplas e diferentes “hábitos da mente”, empregando uma ampla gama de técnicas de avaliação e utilizando a informática e outras tecnologias de informação que capacitem os alunos para acessá-la de forma independente. Os professores de hoje, portanto, precisam estar comprometidos e permanentemente engajados na busca, no aprimoramento, no auto-acompanhamento, na análise de sua própria aprendizagem profissional e análise de seu relacionamento com os pais.
Além de tais aspectos, cabe ao professor dessa nova sociedade um alto grau do que Daniel Goleman chamou de inteligência emocional. A inteligência emocional acrescenta valor à inteligência cognitiva, diferenciando líderes brilhantes daqueles que são simplesmente adequados. As cinco competências básicas que compõem a inteligência emocional são: conhecer e ser capaz de expressar as próprias emoções; ser capaz de criar empatia para as emoções de outros; conseguir monitorar e regular as próprias emoções de forma que elas não saiam de controle; ter capacidade de motivar a si e aos outros; ter as habilidades sociais para colocar em ação as quatro primeiras competências.

Em síntese, ensinar para a sociedade do conhecimento estimula e floresce a partir de: criatividade, flexibilidade, solução de problemas, inventividade, inteligência coletiva, confiança profissional, disposição para o risco e ape rfeiçoamento permanente.

II -O ensino para além da sociedade do conhecimento: do valor do dinheiro aos valores do bem


A bolha dos mares do sul

o autor cita alguns exemplos de empreendimentos financeiros com excesso especulativo (South Sea Company - 1711; febre ferroviária do século a explosão imobiliária do final da década de XIX e a explosão imobiliária do final da década de 1980) e os compara à revolução do conhecimento informação do século XXI, afirmando que todos são "bolhas especulativas".


A bolha do conhecimento e da informação


Todas as bolhas de investimentos acabam por 0explodir, com conseqüências dramáticas e, por vezes, cataclísmicas. Quando falamos sobre o futuro da sociedade do conhecimento, se não tivermos em mente e aprendermos a partir do que aconteceu a bolhas anteriores, seremos condenados a repetir a mesma tragédia histórica. No final da década de 1990, as possibilidades da nova sociedade do conhecimento se apresentaram ilimitadas. A sociedade da informação e a economia do conhecimento pareciam representar uma nova era de otimismo e oportunidade. Todos os indicativos apontavam para uma expansão massiva na tecnologia da informação e do entretenimento. Contudo, com o passar dos anos, começaram a se instalar dúvidas de que o consumo galopante de novas tecnologias estivesse realmente melhorando as vidas ou os relacionamentos das pessoas. A sociedade do conhecimento ameaça cada vez mais nos levar para um mundo que não oferece solidão nem comunidade. A utilização excessiva de computadores e outras tecnologias também está sendo vinculada a taxas crescentes de obesidade infantil e outros transtornos. Nos meses do novo século, a bolha da economia do conhecimento começou a explodir. O ano de 2000 foi o primeiro na história em que a venda de computadores caíram no mundo todo.



Da informação à insegurança


O dia 11 de setembro: de 2001 foi uma data em que os norte-americanos compreenderam que nem todas as frenteiras de suas costas tampouco as ferramentas de vigilância tecnológica, ou seu poderio militar poderiam tornar seu país inexpugnável em face da globalização do terror. A "América" deixara se ser apenas o gerador de mercados qlobalizadores de conhecimento e informações; era agora o alvo de um outro tipo de globalização que levou o mundo, em alguns minutos, da era otimista da informação para uma era de insegurança, tomada pela ansiedade. Diferentemente da incerteza e da complexidade,a insegurança geral não é uma condição inevitável,mas uma opção política na sociedade do conhecimento.


Fundamentos ou fundamentalismo

o que está por detrás da violência de 11 de setembro é a "economia do lucro, sem sangue nas veias na qual apenas os interesses das pessoas como consumidores privados são tratados abertamente,ao passo que suas preocupações como cidadãos, como partes do bem público, são postas de lado. É o que Benjamin Barber chamou de McMundo.

O paradoxo da globalização é o fato de que ela e a homogeneização levam muitos daqueles que não podem compartilhar seus benefícios a se voltar para dentro, para a cultura, a religião e a etnicidade como fontes alternativas de sentido e identidade.
A expressão extrema dessa resposta é a jihad, termo islâmico que se refere à luta religiosa em nome da fé, contra os infiéis. Em sua manifestação política, significa a guerra sagrada em nome da identidade partidária metafisicamente definida e defendida de forma fanática. Ela surge no Islã, mas não é essencial a ele. Ainda assim, proporciona foco e direção àqueles que lutam contra o que consideram influências culturalmente corruptoras dos valores de mercado ocidentais, da modernização e da degradação moral.

Comunidade e caráter
A sociedade de alto risco de hoje em dia se caracteriza pelo perigo crescente da destruição terrorista e da devastação ambiental em grande escala. Esses riscos também se estendem a nossas vidas pessoais, nossas famílias e comunidades. Pais com sobrecarga de trabalho estão ocupados tentando se livrar da pobreza ou acompanhar o padrão dos vizinhos e concorrentes que têm pouco ou nenhum tempo para seus filhos. Cada vez mais esses pais têm terceirizado seus filhos para outros cuidadores, reduzindo seu próprio comprometimento de tempo e suas responsabilidades emocionais no processo. Nos sistemas escolares de nível médio que se baseiam nos resultados do desempenho à custa de relacionamentos, muitos adolescentes se encontram cada vez mais desligados da aprendizagem e alienados da sociedade conhecimento. A economia do conhecimento e o investimento que ela requer estão destruindo formas existentes de vida e de trabalho. Diante disso, um sistema forte de educação pública não só é parte integrante de uma economia do conhecimento próspera, como também é vital para a proteção e o fortalecimento da democracia que constrói comunidade e desenvolve caráter. Hoje em dia, mais do que nunca, os professores devem ser não apenas catalizadores da economia do conhecimento, como também seus contrapontos essenciais, construindo e preservando a democracia pública e comunitária que acompanha essa sociedade e também é ameaçada por ela.


Cultivando o capital social

Os professores que ensinam para além da sociedade do conhecimento desenvolvem o capital intelectual de seus alunos, mas também seu capital social, ou seja, a capacidade de estabelecer redes,forjar relacionamentos e contribuir fazendo uso dos recursos humanos da comunidade e da sociedade como um todo. Francis Fukuyama define o capital social como um conjunto de valores e normas informais compartilhados por membros de um grupo, que Ihes permite cooperar entre si e que estabelece uma base de confiança. O capital social dá suporte à aprendizagem, alimenta-a, encontra uma forma de lhe dar vazão e propósito. Se os professores, as escolas e as comunidades não o cultivarem, os alunos gerarão o seu próprio, de formas invertidas e pervertidas, nas subculturas dos banheiros e outros cantos escuros de suas turmas, onde a amizade consolida o fracasso e a oportunidade econômica é negada por meio de exclusão social e educacional compartilhada, O capital social está na base da prosperidade e da democracia, e seu desenvolvimento é essencial do ponto de vista educacional.

Educando para a democracia

Na arena internacional, organizações como a Unesco mantêm vivo o discurso democrático na educação.
O relatório Delors dessa instituição, chamado Educação, um tesouro a descobrir, identificou quatro pilares essenciais da aprendizagem. Dois deles são as bases da economia do conhecimento: aprender a conhecer e aprender a fazer. O aprender a ser e o aprender a viver juntos não são menos importantes.

Ensinando para além as sociedade do conhecimento

Os valores, a justiça social e a solidariedade devem ser centrais ao desenvolvimento profissional para professores, ao desenvolvimento comunitário para os pais e à agência da formulação de políticas em grande escala, se quisermos tornar as escolas melhores. Ensinar para além da sociedade do conhecimento significa servir-lhe de contraponto corajoso, com vistas a estimular os valores de comunidade, democracia, humanitarismo e identidade cosmopolita.

III – O ensino apesar da sociedade do conhecimento I: O fim da inventividade

O custo da sociedade do conhecimento

ensinar para a sociedade do conhecimento e ensinar para além dela não precisam ser incompatíveis. Reconciliar os objetivos econômicos e sociais da educação e preparar as pessoas para ganhar a vida e viver têm se revelado tarefas historicamente difíceis, levando a osculações intermináveis do pêndulo das políticas. Os professores e outros devem se dedicar a unir essas duas missões em uma só.

O fundamentalismo de mercado

No final do século XX, as políticas econômicas e públicas de muitas nações foram dominadas pela ideologia do fundamentalismo de mercado, no qual o interesse público seria melhor servido pelos efeitos acumulados da liberação das pessoas para que buscassem seus próprios interesses privados. Gerou-se a concorrência do setor privado com o setor público. Os resultados na educação pública se fizeram sentir nos cortes de custos e no enxugamento da abertura de escolas; no aumento dos incentivos ficais ou das campanhas para desacreditar o sistema público, que estimularam os pais a redirecionar seus investimentos para a educação privada.

A educação descarrilada

Os professores estão presos em um triângulo de pressões e expectativas contraditórias. Eles lutam para atingir um máximo de realização profissional, mas são continuamente arrastados pelas reações dos fundamentalistas de mercado aos custos da economia do conhecimento. No lugar de promover a aprendizagem profunda e o envolvimento emocional dos alunos com sua aprendizagem e uns com os outros, os professores se encontram cada vez mais preocupados em treinar crianças para exa

Políticas padronizadas

O enxugamento e a padronização desgastam a colaboração, esgotam professores que exercem cargos de coordenação e reduzem seu investimento na própria aprendizagem profissional.
A padronização aumenta a exclusão das escolas e dos alunos dos níveis inferiores, que consideram os
padrões para além do seu alcance. Diante da padronização os professores, exaustos e desmoralizados, recorrem à demissão e à aposentadoria precoce, criando imensos problemas de recrutamento e retenção nessa profissão baseada no conhecimento.


IV - O ensino apesar da sociedade do conhecimento: a perda da integridade


Este capítulo apresenta os resultados de pesquisas realizadas pelo autor em escolas americanas e canadenses de nível médio. A análise observa a substância da reforma nas áreas de mudança de currículo e avaliação, examina o processo de implementação, o caráter da mudança e as alterações nas condições de trabalho que acompanharam essas transformações. Entre os principais aspectos apresentados pelos professores entrevistados estão: o pouco tempo destinado ao estudo, a ineficiência e inadequação do desenvolvimento profissional, o isolamento profissional, a perda da eficácia do trabalho docente, a pouca criatividade e inventividade, a ausência de integridade, a perda de propósito profissional, a desmoralização, a política de humilhação e a exaustão. Tais aspectos foram ocasionados pelo ritmo insustentável da reforma e atingiram a saúde dos professores. Lecionar tornou-se mais difícil e estressante, e muito menos agradável.

Uma conclusão perturbadora é a de que não são apenas os professores mais velhos que estão se desiludindo com a profissão, mas também os mais jovens. Nessas condições, a profissão do ensino terá cada vez mais dificuldades de atrair candidatos de boa qualidade, com capacidade intelectual e, especialmente, quando outras ocupações com menos regulamentação e mais incentivo estão concorrendo por seu talento.


v - A escola da sociedade do conhecimento: uma entidade em extinção 


Este capítulo apresenta a bem sucedida expe riência de uma escola de nível médio canadense Blue Mountain, considerada a síntese de uma es cola da sociedade do conhecimento. 

As escolas em sociedades complexas dever.i am se tornar organizações de aprendizagem efica zes, desenvolvendo estruturas e processos que Ihes capacitem para aprender no inter.ior de seus ambi entes imprevisíveis e mutantes e responder a eles com rapidez. As escolas eficazes devem operar como sólidas comunidades de aprendizagem pro­fissional a partir de três componentes: o trabalho cooperativo; o foco no ensino e na aprendizagem e avaliações permanentes para investigar avanços e 
problemas.

Na escola analisada evitava-se a departamen talização a partir da idéia da aprendizagem organi zacional e do pensamento sistêmico, segundo os quais todas as decisões da escola devem ser toma das de acordo com os interesses da comunidade organizacional. O entusiasmo e a empolgação de trabalhar se refletiam na postura inovadora e inven tiva do currículo e no ensino de sala de aula, As avaliações eram diferenciadas (portifólios e apre­sentações),' a intormática não se limitava a labora tórios fechados, os alunos tinham liberdade pará utilizar qualquer tecnoloqia disponível. Entretanto', as pressões econômicas também afetaram a rotina da escola que passou a conviver com os problemas apresentados anteriormente. Mesmo assim, nela ainda acontece muita interação profissional 'entre seus grupos, muito mais do que em quase todas as outras escolas, mas, como comunidade de apren dizagem, um exemplo de escola da sociedáde do conhecimento, a Blue Mountain é, sem dúvida al guma, uma espécie em extinção.

VI - Para além da padronização: comunidades de aprendizagem profissional ou seitas de treinamento para o desempenho? 


Rumo a uma profissão de aprendizagem 

Ensinar é um trabalho cada vez mais comple xo, exigindo os padrões mais elevados de prática profissional para um desempenho adequado.
É a profissão central, o agente fundamental da mudan ça na sociedade do conhecimento de nossos dias. Mesmo assim, o ensino está em crise. A rotativida de demográfica entre os professores, durante anos de desgaste e desilusão com as reformas amplas, está esgotando a profissão. A atração do ensino como carreira entre novos candidatos, reais e po tenciais, está desaparecendo rapidamente. 
Felizmente, nos últimos anos, muitos começam a se dar conta de que o desenvolvimento profissio nal de alta qualidade para professores é indispen sável à geraçao de mudanças profundas e dura douras na aquisição dos alunos. Em quase toda parte (Austrália, Estados Unidos, Inglaterra) os go vernos estão começando a elogiar os professores e o ensino, conferindo a honra e o respeito onde haviam prevalecido a acusação e o descaso no pas­sado recente. Já é tempo de repensarmos como deveria ser o ensino e a aprendizagem para os alu nos, e o ensino e o apoio profissional para os pro fessores. A reforma educacional não pode mais ser construída nas costas dos professores.

Futuros para o ensino na sociedade do conhecimento 

A OCDE projetou seis prováveis cenários para o futuro da educação pública na sociedade do co nhecimento. Dois deles partem de um desdobramen to de arranjos já existentes, que irá levar a uma bu rocracia mais arraigada nos sistemas escolares, ou ao aumento da ênfase no mercado e nas soluções baseadas nas opções, em função da difusão da in satisfação das pessoas com a educação pública. O segundo par de opções supõe um encolhimento da educação pública, seja por atrofia, à medida que a falta de professores e uma proliferação desespera da de inovações gerarem pânico e desagregação nas políticas educacionais, seja pelo incentivo em alternativas fora da escola, na aprendizagem ele trônica e não-formal. 
Apenas dois dos cenários, os quais a organi zação chama de re-schooling; ou "reescolariza ção", isto é, a transformação das características fundamentais da escola típica, presumem que a formação escolar pública possa ser salva e me lhorada. Um deles vê a escola sendo reinventada na forma de uma organização de aprendizagem dirigida, que enfatize a aprendizagem para a soci edade do conhecimento. O outro visualiza as es colas como pontos focais para redes de relacionamentos comunitários mais amplos, desenvolven do o capital social dos estudantes e Ihes possibi litando viver bem e trabalar produtivamente na sociedade do conhecimento.

Culturas, contratos e mudança 
A partir de vários subtítulos relacionados a culturas, contratos e mudança, o autor aprese ta ca racterísticas indispensáveis à sociedade conhe cimento. Entre elas destacam-se: a impontância da combinação entre a confiança pessoal dos reIacionarnentos com a confiança e a responsabilização profissional dos contratos de desempenhos (garantía de qualidade por meio da obrigação mútua), a substituição do individualismo profissional permissivo pelo trabalho cooperativo, o rompimento com o regime de contratos que mercantilizam a educação e a eliminação da cultura do invidualismo competitivo entre as escolas. O autor também apresenta algumas maneiras pelas quais as políticas podem promover as comunidades de aprendizagem no interior e além das escolas: desenvolvimento de liderança; inspeção e credenciamento escolar; recertificação e gestão de desempenho; dinheiro para início de projetos de autoaprendizagem, auto-regulamentação profissional; redes profissionais; regionalização dos serviços de desenvolvimento de comunidade profissional.


VII - O futuro do ensino na sociedade do conhecimento: repensar o aprimoramento, eliminar o empobrecimento



O futuro do ensino está em combinar os esforços das comunidades de aprendizagem e das seitas de treinamento (grupos que buscam a melhoria do desempenho - alfabetização e matemática - em testes padronizados), eliminando assim, o apar taheid de desenvolvimento e aprimoramento es colar. Os primeiros, pautados em princípios am plos, na promoção da cooperação e no trabalho em rede, tendem a ser adotados por escolas de comunidades mais afluentes e os segundos, por sua vez, caracterizados por programas rigidamen e definidos, estritamente monitorados e com trei namentos intensivos, tendem a ser adotados por escolas de localidades mais pobres, isto porque, diferentes es escolas se beneficiam de abordagens - difrenciadas do aperfeiçoamento.

Conclusão 

Este livro demonstrou que a reforma padron izada na educação prejudica a capacidade dos professores de lecionar para a sociedade do conhecimento e para além dela. A padronização expande a exclusão educacional. Estratégias diferenciadas de aprimoramento oferecem uma maneira de ir além das falhas da abordagem "tamanho único" da padronização insensível, mas a forma como a diferença está sendo definida tranca a pobreza e o fracasso juntos, dentro de uma linguagem neutra de "subdesenvolvimento" que é politicamente evasiva e enganadora, seja na política escolar, seja na política mundial. Nossa prosperidade depende dos atributos centrais da eco nomia do conhecimento: a criatividade e inventividade, a cooperação, a flexibilidade, a capacidade de aproveitar e desenvolver a inteligência co letiva, de solucionar problemas de desenvolver redes, de lidar com a mudança e o compromisso com a aprendizagem por toda a vida. Logo, nosso futuro significa os professores reconquistarem status e sua dignidade entre os principais in telectuais da sociedade.